quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

falhas da usina angra3

Greenpeace aponta falhas de Angra 3

Notícia - 6 - mar - 2012
Além de defasado, o reator de Angra 3 não está equipado com medidas de segurança presentes nos utilizados na Europa e nos Estados Unidos

Ativistas do Greenpeace Brasil diante do complexo nuclear de Angra em protesto de 2009 contra a construção de um novo reator. (©Greenpeace/Alex Carvalho)
O Greenpeace Alemanha divulgou hoje, em conferência de imprensa em Berlim, dois estudos que avaliam a possibilidade de uma catástrofe nuclear acontecer em Angra 3 e suas possíveis consequências. Estes documentos serão enviados ao parlamento Alemão, que atualmente discute o veto do financiamento a projetos de plantas nucleares em outros países, como o novo reator em construção no Brasil.
Os estudos foram elaborados pelos físicos brasileiros Francisco Côrrea, ex-professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP), e por Celio Bermann, atual professor do IEE/USP. 
Ambos os documentos expõem as falhas existentes no projeto da usina nuclear e explica que a ausência de certos componentes essenciais de segurança poderiam fazer com que o Brasil tivesse uma catástrofe ainda maior do que a de Fukushima.
A usina de Angra 3 foi projetada com equipamentos defasados - o plano data da década de 1970 - e que não estão preparados para eventuais terremotos, tsunamis, tornados e furacões. Apesar da incidência de desastres naturais desses tipos ser baixa no Brasil, Côrrea ressalta que o local escolhido para a construção da usina se encontra em uma zona onde frequentemente ocorrem deslizamentos de terra e inundações durante a época de chuvas no verão.
Além disso, relembra o episódio do furacão que atingiu a costa de Santa Catarina, em março de 2004, com ventos de quase 160 km/h, e das quatro trombas d’água no Rio de Janeiro – nos anos de 2001, 2005, 2006 e 2009, respectivamente – e que seriam capazes de danificar a estrutura de Angra 3, causando um acidente como o que aconteceu no Japão.
Uma das lições aprendidas com a tragédia japonesa é a de que a segurança da estocagem do combustível é essencial e tal critério não está sendo pensado para a nova usina brasileira, segundo o pesquisador. O armazenamento deve contar com provisão de água suficiente para resfriar o reator, uma vez que a fissão nuclear permanece ocorrendo mesmo após a interrupção na geração da energia. A usina de Fukushima foi atingida por um tsunami e o sistema de resfriamento foi avariado, a água usada no resfriamento se tornou vapor de alta temperatura, liberando hidrogênio, altamente inflamável, que causou as explosões.
No planejamento dos critérios de segurança de Angra 3 também não foram previstos acidentes envolvendo a queda de um avião, explosões ou incêndios próximos ao reator. E, de acordo com o estudo, o licenciamento da usina foi aprovado antes mesmo que fosse possível saber quais são as reais consequências de um acidente nuclear na região já que a análise de riscos não foi feita especificamente para Angra.
Na verdade, foi elaborada com base nas condições alemãs, imaginando a instalação da usina em planícies e não em uma região montanhosa como a de Angra dos Reis. Além disso, não utilizou a experiência brasileira com Angra 2, apesar das duas usinas terem plantas idênticas e o mesmo sistema operacional. Outra falha é a ausência de um estudo que meça os riscos de se instalar três usinas nucleares próximas.
Segundo o relatório de Côrrea, Angra 3 não passaria por dois dos critérios que estão sendo utilizados pela Eletronuclear, a empresa brasileira que pretende instalar a usina, para escolher locais seguros para a construção de plantas nucleares. Estas não podem ser instaladas em aquíferos ou próximas a falha geológicas e não podem estar próximas a locais densamente povoados com mais de 50 mil habitantes.
Ainda, o local onde a construção é planejada não facilita a evacuação da população em caso de acidente. A rodovia que seria utilizada para emergência seria a BR 101, ainda muito precária. A dificuldade para deslocar os habitantes tornaria a catástrofe ainda pior do que a de Fukushima, onde os moradores conseguiram ser mobilizados e levados para locais mais seguros. No caso do Brasil, eles ficariam confinados, sem poder receber ajuda e expostos à material radioativo.
Côrrea critica as falhas técnicas e de planejamento de Angra 3 e a falta de transparência com que o governo brasileiro lida com a questão. Uma das maiores deficiências da segurança nuclear brasileira passa pela criação de uma agência nuclear reguladora realmente independente do governo e dos políticos, o que ainda não existe no Brasil.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é responsável por emitir as licenças, supervisionar e controlar a atividades nucleares. As Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) são parte da Comissão e estão envolvidas na cadeia produtiva do urânio, consequentemente, a CNEN tem interesses comerciais em liberar os licenciamentos já que é fornecedora de combustível para os reatores da Eletronuclear. Enquanto não houver transparência não será possível saber o quão segura é Angra 3.
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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Idade da Amazonia

Estudo confirma que rio Amazonas tem 11 milhões de anos



Que o rio Amazonas é o maior rio do mundo não é novidade para ninguém, mas conhecer exatamente sua idade não é uma tarefa tão fácil assim. Para isso foi necessário o empenho de uma equipe internacional de pesquisadores e a experiência de quem sabe fazer furos em grandes profundidades.

Em um artigo publicado em julho de 2009 na revista científica Geology, uma equipe de cientistas brasileiros e europeus concluiu que o gigantesco rio sul-americano tem aproximadamente 11 milhões de anos e seu padrão atual de meandros remonta há pelo menos 2.4 milhões de anos.
A conclusão é de um time de cientistas da Petrobras e das universidades européias de Amsterdã e Liverpool e foi obtida após o estudo do material extraído de dois poços perfurados nas proximidades da foz do rio Amazonas pela Petrobras, em uma região conhecida como Leque do Amazonas ou Amazon Fan.
Até recentemente, perfurar o Leque do Amazonas não era uma tarefa simples. O local é formado por uma dura coluna de sedimentos de mais de 10 km de espessura e as tentativas anteriores feitas pelo Programa de Perfuração Oceânica não chegaram a uma fração dessa espessura. No entanto, os esforços de exploração feitos pela Petrobras permitiram avançar mais de 4.5 km abaixo do leito submarino, extraindo importantes testemunhos sedimentares e paleontológicos.


Estudando os testemunhos (blocos de rocha extraídos com as perfuratrizes), os pesquisadores puderam fazer uma verdadeira viagem ao passado, analisando o acúmulo de sedimentos que se depositaram no Leque do Amazonas ao longo dos anos, desde a época das glaciações continentais, quando o mar ainda estava 100 metros abaixo do nível atual, até os tempos atuais, em que os sedimentos são diretamente trazidos pelo rio.
A datação correta do Amazonas tem grandes implicações no estudo paleogeografia da região e da evolução dos organismos aquáticos na Amazônia e costa atlântica, possibilitando aos pesquisadores conhecer com mais exatidão como se originou o mais importante ecossistema do planeta.